Por Alice Schuch
“É muito belo verificar como grandes homens sentem e cantam através do olhar masculino a beleza, o poder e a graça das mulheres e o seu potencial de ação superior”, cita a palestrante e especialista sobre o universo feminino Alice Schuch. Para exemplificar, ela lembra importantes nomes da história, como o do maior poeta de todos os tempos e escritor Dante Alighieri (1265 a 1321) e o de seu personagem Virgílio na obra “Divina Comédia”.
Tem-se que o momento mais significativo da infância de Dante ocorreu no ano de 1274, quando o menino, então com nove anos, encontra uma menina, poucos meses mais nova do que ele. Dante começa a tremer violentamente e a impressão é tão profunda que, a partir daquele momento, a pequena Beatriz torna-se a musa inspiradora do futuro poeta, “a gloriosa senhora da minha mente”, transformando-se na primeira mulher da poesia italiana.
“Lê-se na obra La femminilità come sesso, potere e grazia, de Antonio Meneghetti, que essa supremacia da mulher existe como intencionalidade da natureza e grandes homens a veem, cabe a nós mulheres evidenciá-la através de ação histórica eficiente”, destaca Alice Schuch.
Como ação histórica eficiente, a pesquisadora enfatiza o prazer único experimentado pela mulher madura, com mais de 50. Na visão dela, é com a experiência que se realça o doce paladar da vida. E, por isso, a fase da maturidade é interpretada por Alice como a “fase da sobremesa”.
“Em certo sentido podemos afirmar que o personagem Virgílio encoraja seu autor Dante a buscar o sucesso na fase sobremesa, evocando os olhos de Beatriz, cujo olhar, ao longo da obra La Divina Commedia, interpreta o papel de energia celeste comunicadora e também de consciência purificadora levada ao poeta. A luz desse olhar evoca a imagem do ‘fogo divino’, fonte de luz para o viandante.