E aquilo que poderíamos fazer e não fazemos?

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Maria Alice Schuch fala sobre postergar ações que nos convêm

A psicóloga argentina Clara Coria escreve que postergar o prazer com a intenção de responder a uma imagem idealizada do sacrifício é uma forma de “civilizada mutilação”. Seria, segundo a autora, como colocar-se no freezer para uma melhor ocasião, que talvez não chegue a apresentar-se porque algum “corte de luz” poderia arruinar as expectativas planejadas.

Conta a autora que certa vez o marido chegou em casa trazendo camarões gigantes recém-pescados e queria comê-los no jantar, ela porém decidiu colocá-los no freezer para degustá-los em uma ocasião especial, com uma visita… Dias depois, enquanto estavam fora num final de semana, houve um corte de energia estragando todo aquele que seria “o manjar dos deuses”.

O importante é que tenhamos uma visão realista: toda vez que retardamos uma ação que nos convém a consequência é uma perda pessoal, pois aquilo que poderíamos fazer e não o fazemos amanhã não se sabe se poderá ser feito, temos um dia a mais de descaminho.

Tudo bem, enfrentamos a situação e fazemos outras coisas, porque a vida é dinâmica e não é jamais obstruída, com ou sem o sujeito. Se estamos despertos, somos vida, mas se dormimos a vida são outros e nós não existimos.

Lembra-nos o escritor inglês Aldous Huxley: “Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros, mas sempre e em quaisquer circunstâncias existimos a sós”.

Não raras vezes acolhemos dinâmicas não coincidentes com o nosso projeto, permitindo ingerências externas. Aceitamos transferências, desvios e por isso perdemos a meta da nossa pulsão. Isso significa permitir que sejam inseridas contracargas que impedem a consecução do fim que almejamos, um descontínuo na nossa unidade de ação.

Se você não é exatamente tão perfeita quanto gostaria, vamos fazer o melhor possível: fidelidade a si mesmo significa coerência ao projeto pessoal, continuamente sustentado e promovido por atividade síncrona, específica. Tomar conta de si mesmo significa agir de modo permanente, ordenado, regular e coordenado ao movimento vital do próprio projeto existencial no ambiente em que vivemos.

E depois, conforme cita a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato, poder viver situações de merecido orgulho profissional ao dizer: “Poxa, que legal, tem alguém que me reconhece e sabe o que eu faço!”

Por Alice Schuch, palestrante e pesquisadora do universo feminino

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É brasileira, doutora em Ciências da Educação - Universidad de Desarrollo Sustentable - UDS. Mestre em Ciencias del Educación pela Universidade Del Mar (Chile). Especialista em Psicologia com Endereço Ontopsicológico pela Universidade Estatal de São Petersburgo (Rússia). Especialista em Políticas Públicas em Gênero e Raça pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM (Rio Grande do Sul, Brasil). Pós-graduada em Psicopedagogia pela Universidade Castelo Branco (Rio de Janeiro, Brasil). Possui MBA Business Intuition pela Antônio Meneghetti Faculdade (Recanto Maestro, RS, Brasil) e MBA La Business Intuition Del Made in Italy pela FOIL Itália (Milão, Itália). Atuou na Antônio Meneghetti Faculdade como responsável pelo setor Responsabilidade Social, Coordenação Pedagógica e Ouvidoria. Autora de "Mulher: Aonde vais? Convém?" e “Contos de Alice”, fatos da vida real vivenciados por Maria Alice Schuch que ilustram sua pesquisa exposta em diversos eventos e congressos no decorrer dos últimos anos: Seminário FOIL São Paulo (Brasil, 2002); Faculdade de Psicologia da Universidade Estatal de São Petersburgo (Rússia, 2003); Congresso Internacional Ontopsicologia e Memética em Milão (Itália, 2003), que se encontra publicado na obra homônima, de Antônio Meneghetti. A pesquisa também abrangeu a participação da autora no International Congress Business Intuition, realizado em Riga (Letônia, 2004); no XXI Encontro Nacional dos Women’s Clubs em Canela (Brasil, 2006); no evento de premiação da Fondazione di Ricerca Scientifica ed Umanistica Antônio Meneghetti em Genebra ( Suíça, 2011). No encontro “Brasil do Milênio” realizado na sede do Conselho Econômico, Social e Ambiental da República Francesa em Paris (2012), a autora participou do grupo de pesquisa da Antônio Meneghetti Faculdade. E, ainda, no 41º Encontro da Sociedade Brasileira de Psicologia em Belém (Pará, 2012), ocasião na qual foi apresentado o Projeto Mulher do Milênio, grupo de estudos da Antônio Meneghetti Faculdade referente ao 3º Objetivo do Milênio da ONU: “Igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres”.