Um tema que merece mais atenção em programas de diversidade é o alinhamento da cultura organizacional perante uma força de trabalho diversa. Sempre que pronuncio a palavra cultura, me lembro imediatamente de meus tios que moravam na roça, no sudoeste mineiro, para onde eu viajava quase todos os anos no meu período de férias da juventude. Após nos sentarmos à mesa para um cafezinho, que havia sido torrado e moído naquele instante, meu tio Pedro usava um outro conceito para falar das diversas “culturas” da roça: o café, a mandioca, as verduras, os legumes… Alertava que para cada uma dessas culturas se fazia necessário ter conhecimento de como plantar, como regar, qual adubo usar, a época da colheita, etc.
Quando penso em cultura organizacional, a sabedoria do meu tio “cai como uma luva” para mim, pois é assim que entendo que devemos pensar quando falamos de diversidade, ou seja, que é essencial entender as particularidades, necessidades, histórias, formas de pensar e competências singulares das pessoas que formam uma organização. Ainda usando da analogia, é preciso saber plantar a diversidade (pela alta liderança), adubá-la e regá-la diariamente (pela média gestão e todas as pessoas da empresa) e colher seus frutos (por todes). E, para iniciar essa jornada de alinhamento cultural, é urgente desenvolver na liderança o conceito da inteligência cultural, um dos elementos da liderança inclusiva.
É essa inteligência que fará com que a liderança consiga compreender como sua própria cultura afeta a sua visão de mundo e aprender a trabalhar em um ambiente desconhecido, deixando de julgar outras culturas como inferiores à sua. É ela também que fará as empresas enxergarem novas soluções para novos e velhos problemas, conquistarem novos mercados, aumentarem o engajamento, atrair e reter talentos.
A força da diversidade está – portanto – nas diferenças, não nas igualdades. E é por isso que ela é parceria indissociável da cultura organizacional.
