Para começar nosso assunto de hoje, desafio você a pensar sobre a pergunta do título – não como demonstração de arrogância por alguém que se considera superior, mas sim no sentido literal: ao falar ou escrever, você está realmente atento ao destinatário da sua mensagem?
A resposta mais óbvia seria “claro que sim”, pois saber com quem se está falando é uma das premissas da comunicação eficaz. Mas minha curiosidade vai além: ao escolher e combinar as palavras, que critérios você usa?
Em geral, a comunicação acontece quando há terreno comum entre os participantes, mas ela pode ser prejudicada ou favorecida por vários fatores. Portanto, a questão que proponho para sua reflexão é que os termos que optamos por usar podem excluir e afastar, ainda que não propositalmente.
Aquela sigla que você usou é de conhecimento de seus interlocutores? Aquele linguajar profissional facilita ou dificulta a compreensão? Aquela expressão em inglês é facilmente reconhecida?
As imagens que você escolhe são acolhedoras ou hostis? Por exemplo, recorrer a termos como batalha, guerra, munição, combate – todas referências bélicas – aproxima ou distancia quem está ao seu redor?
Expressões como “todo mundo sabe que…”, ou “só quem é louco/ignorante pode achar que…” causam que tipo de efeito na pluralidade e diversidade da conversa?
Tente se lembrar de uma situação – um debate em família, uma reunião de trabalho, uma aula na faculdade, um bate-papo com amigos – em que você se sentiu desconfortável para se manifestar. O que impediu que você se sentisse à vontade? O que poderia ter sido diferente?
Minha intenção com todas essas perguntas é evidenciar que as palavras têm um imenso poder (muitas vezes subestimado). Palavras podem começar uma guerra, mas podem evitá-la. Podem causar uma ferida, mas podem cicatrizá-la. Podem sepultar uma ideia, mas podem viabilizá-la.
Então tenho uma sugestão: sempre escolha com cuidado e sabedoria as palavras que usa. Que elas sejam instrumentos para reconhecer, acolher e aproximar quem está no seu entorno. Pode não parecer, mas isso fará muita diferença na construção de um mundo mais justo e humano. Vamos experimentar?