IPCA: inflação desacelera para 0,28% em novembro e é de 2,5% em 2017

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Alta de preços acumulada em doze meses é de 2,8%, bem abaixo do centro da meta

Puxada para baixo pelos preços de alimentos, a inflação oficial brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,28% em novembro, informou o IBGE nesta sexta-feira (8). No acumulado em 12 meses, no entanto, o índice cresceu, para 2,8%. A expectativa dos analistas ouvidos pela Bloomberg era de inflação de 0,35% na margem e de 2,88% em 12 meses.
Em outubro, o indicador havia acelerado para 0,42% na margem e para 2,70% em 12 meses. No ano, a inflação acumula alta de 2,5% até novembro.
O resultado no acumulado do ano é o menor para um mês de novembro desde 1998, quando ficou em 1,32%.
ALIMENTOS PRESSIONAM PARA BAIXO
A inflação de novembro foi puxada para baixo por mais uma deflação dos alimentos, a sétima consecutiva. Em novembro, em relação ao mês anterior, esse grupo teve queda de preços de 0,38%. Nos últimos 12 meses, a variação acumulada dos alimentos é de -2,32% e no ano está em -2,4%, a menor para esta comparação desde o plano Real, em 1994. Os alimentos representam um quarto das despesas das famílias.
Os preços dos alimentos para consumo em casa recuaram, em média, 0,72% de outubro para novembro. Itens de peso no consumo familiar registraram queda: farinha de mandioca (de 0,27% para -4,78%), tomate (de 4,88% para -4,64%), frutas (de 0,35% para -2,09%), pão francês (de 0,35% para -0,55%) e carnes (de 0,22% para -0,11%). Outros como o feijão-carioca (de -3,29% para -8,4%), os ovos (de -1,41% para -3,28%) e as carnes industrializadas (de -0,22% para -0,99%) intensificaram a baixa.
Nesse grupo, com exceção da região metropolitana do Rio de Janeiro, com alta de 0,06%, as demais regiões apresentaram quedas entre -2,33% (Salvador) e -0,08% (Goiânia).
A alimentação fora de casa subiu 0,21%, sendo a maior alta em Brasília (2,06%). Enquanto a inflação dos alimentos em domicílio cai há 7 meses, a alimentação fora de casa tem registrado alta de preços em todo esse ano. Fernando Gonçalves, gerente de Índice de Preços ao Consumidor do IBGE, explica que esse descompasso entre os dois índices ocorre porque, por mais que os preços dos alimentos caiam, os donos de bares e restaurantes têm outros custos, como aluguel, energia e gás, cujos preços estão em alta:
— Isso acaba se refletindo nos preços cobrados aos consumidores. Nos artigos de residência, a queda de 0,45% foi influenciada pelos itens eletrodomésticos (-1,11%) e tv, som e informática (-1,46%) — afirma Gonçalves.
Habitação, com variação de 1,27% e impacto de 0,20 pontos percentuais, foi o grupo de maior impacto no IPCA de novembro, uma vez que a energia elétrica subiu, em média, 4,21%, impacto de 0,15 pontos percentuais. A alta 1,27% da habitação correspondeu a 70% do índice geral do mês de novembro.
Em novembro, vigorou a bandeira tarifária vermelha patamar 2, já com a cobrança adicional do novo valor de R$ 5 a cada 100 Kwh consumidos. Em outubro, a bandeira tarifária vigente também era a vermelha patamar 2, porém o adicional era de R$ 3,5 a cada 100 Kwh consumidos.
Ainda no grupo habitação, o  preço do gás de botijão subiu 1,57%, influenciado pelo reajuste nas refinarias de, em média, 4,5% no gás de cozinha vendido em botijões de 13kg, em 5 de novembro. No ano, esse produto já acumula alta de 14,75% e em 12 meses de 14,86%. Além disso, desde 1º de novembro, o gás encanado no Rio de Janeiro (alta de 1,49%) sofreu reajuste de 1,54%, levando o item a registrar uma variação nacional de 0,82%.
MAIOR DEFLAÇÃO FOI EM SALVADOR
Quanto aos índices regionais, Salvador teve a maior queda (-0,26%), devido aos recuos em farinha de mandioca (-12,24%) e feijão-carioca (-25,37%). Em Goiânia houve a maior alta (0,96%), impulsionada pela energia elétrica (14,40%) e pela gasolina (5,03%). A inflação na região metropolitana do Rio ficou parecida com a média nacional, alta de 0,26%.
Gonçalves ressalta ainda que a deflação de 0,45% no grupo de artigos de residência, assim como a desaceleração da alta dos preços dos artigos de vestuário, de 0,71% em outubro para 0,10% em novembro, em relação ao mês anterior, refletem as promoções realizadas durante a Black Friday, ocorrida no final do mês passado.
ABAIXO DA META DO GOVERNO
O grupo transportes teve alta de 0,52% e impacto de 0,09 pontos percentuais no resultado geral. A inflação média desse grupo foi puxada para cima pela gasolina e pelo etanol, mais caros, em média, 2,92% e 4,14%, respectivamente. As passagens aéreas recuaram 10,03% em novembro e, nos ônibus urbanos, a variação de -0,55% reflete a redução de R$ 0,20 nas passagens no Rio de Janeiro (-2,78%).
A meta estabelecida pelo o governo para a inflação deste ano é 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. De acordo com o mais recente Boletim Focus do Banco Central, divulgado na última segunda-feira (4), a previsão para o resultado fechado do ano é de 3,03% para a inflação. Essa previsão caiu com relação à da semana anterior. Se as projeções estiverem corretas, portanto, o IPCA encerrará o ano abaixo do piso da meta.
Fonte: O Globo, IBGE, 08/11/2017