Perceber-se no processo de envelhecimento é dar-se conta que a nossa geração ganhou um bônus inédito na história da humanidade.
Através da medicina, das múltiplas possibilidades tecnológicas e da inovação de serviços, produtos e produção, transformamos em realidade, ainda que para uma pequena parte da população mundial, a ampliação da perspectiva e da qualidade de vida.
Para vivermos a longevidade na sua pluralidade, respeitando e acolhendo as diferenças, precisamos abolir os estereótipos, o preconceito etário e principalmente compreender que devemos aceitar as novas demandas das gerações 50, 60, 70, 80 e até 90+ como possibilidades de cocriação de uma nova realidade em latência; dessa forma receberemos as possibilidades de mudanças como oportunidades positivas.
Não seremos os novos 30 ou 40 na perspectiva de buscarmos a juventude e sim de sermos os longevos raiz na busca da sua essência, da reinvenção pessoal, profissional, entre outras vertentes da vida e pela vida; utilizar a experiência já obtida na transformação de cenários que já não nos cabem, ampliar as ações colaborativas e criação de políticas públicas adequadas aos novos cenários, sabendo que os ajustes necessários já são e serão um grande desafio para essa e as próximas gerações.
Quem sairá na frente ou sobreviverá? Aqueles que tiverem a condição de aceitar as mudanças, de adaptar-se às novas experiências, de buscar o autoconhecimento, a capacitação permanente, o exercício de compartilhar conhecimento e principalmente de aprender a desapegar, desaprender para aprender com as novas oportunidades de SER e ESTAR presentes no ápice da transformação que nos surpreende desde janeiro de 2020.
Sim, sem dúvida fomos parados por uma pandemia em âmbito mundial; na minha perspectiva a grande pergunta é: o que aprendemos com isso tudo? Como planejar novos cenários perante o caos instalado e a ruptura com padrões que serviram como regra e agora transformaram-se em exceção? Reinvenção, reestruturação, criação de “novos normais” em nossas vidas são fundamentais à sobrevivência em qualquer faixa etária.
Criar ambientes onde as relações intergeracionais sejam percebidas como processos socioeducativos positivos e urgentes, que impactarão cultural e socialmente, que serão importantes na ressignificação das relações, das produções, dos mercados, da sobrevivência da humanidade; precisamos de novas lentes, perspectivas, percepções, ações e intervenções.
Os papéis e funções dos cidadãos produtivos, ativos e sustentáveis que independentemente da cor, escolha de gênero, idade, dificuldades físicas, mentais ou relacionais deverão apoiar-se na construção de políticas públicas que acolham e se responsabilizem pela pluralidade existente na diversidade.
Se ainda não perceberam, a longevidade acolhe e acolherá a todos que tiverem a sorte de envelhecer.
Se aproveitarmos adequadamente esse momento, quem sabe daremos início a um novo posicionamento e uma nova chance à humanidade…