Comemoramos neste mês o centenário de Paulo Freire, o maior educador brasileiro, nascido no Recife em 19 de setembro de 1921. Freire defendeu até sua morte seu método educacional, a “Pedagogia do Oprimido”, conhecida como libertadora, humanista, através da qual o próprio sujeito seria responsável pela transformação de sua vida por meio da compreensão do mundo à sua volta, em contraponto à educação “bancária”, alusão feita à educação tradicional, na qual o educador “deposita” conhecimento na cabeça de alunos dóceis e receptivos. A metodologia freiriana foi um método desenvolvido na década de 1960, inicialmente como resposta à alfabetização de adultos, e tem como chaves a autonomia, o diálogo e o relacionamento entre o educando e o educador, pois dizia Freire: “Ninguém educa ninguém e ninguém educa a si mesmo, mas os homens educam-se em comunhão”.
Ainda segundo Freire, o objetivo da educação deveria ser a conscientização das pessoas sobre sua condição no mundo, para agirem contra a opressão e em favor de sua libertação. Ele falava sobretudo pelos menos favorecidos, como as pessoas negras, as de baixa renda e marginalizadas em geral, que com suas respectivas culturas somariam a outras culturas para a criação de soluções para os dilemas sociais. Alguma coincidência com diversidade, equidade e inclusão?
Venho comentando há algum tempo, nos textos que escrevo e nos webinares para os quais sou convidado, que a questão da inclusão dos grupos minorizados no Brasil começa bem antes das catracas das empresas. Para não continuarmos a “enxugar gelo”, a sociedade civil organizada, as empresas, ONGs e a classe política devem somar forças para uma real transformação do país por meio da educação.
É preciso investimento maciço em educação pública de qualidade, valorização e capacitação constante de professores e modernização da infraestrutura educacional. Que os ensinamentos de Paulo Freire ecoem nas mentes e nos corações das lideranças de nosso país. E feliz centenário, Mestre!