Nem tudo na vida é prego

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Começo este artigo agradecendo o convite da Elaine Póvoas, cuja amizade foi um presente muito especial que ganhei no difícil ano de 2020. Elaine me propôs que ocupasse este espaço com assuntos sobre Educação e Linguagem que sejam significativos para reflexão e ação dos leitores. Espero contribuir.

Para nossa conversa de estreia, escolhi falarmos sobre a Educação em si. Não especificamente seu aspecto de ensino-aprendizagem, mas a perspectiva mais ampla do papel que ela pode exercer nas mudanças que pretendemos realizar em nossas vidas.

Nesse sentido, ouso expandir uma metáfora elaborada pelo saudoso Rubem Alves, em que ele compara a Educação (e os saberes que ela nos oferece) a uma caixa de ferramentas, pois é exatamente esse o papel que acredito que ela deve desempenhar em toda a nossa trajetória de vida.

Atribui-se a Abraham Maslow – aquele mesmo, o da pirâmide – a citação “para quem só sabe usar martelo, todo problema é um prego”. Pois bem, a experiência cotidiana nos mostra que ele tem razão. Não é raro testemunharmos em famílias, empresas, instituições ou outros contextos, pessoas que parecem enclausuradas em uma única maneira de lidar com uma determinada situação. Para elas, que só sabem usar martelo, o problema sempre parece prego.

E aqui entra a beleza da Educação. Ela permite que as pessoas conheçam, questionem, reflitam e ampliem seu repertório. Assim elas podem solucionar problemas da forma mais adequada e descobrir maneiras de evitar que voltem a ocorrer. Ou seja, quanto mais variadas as ferramentas à disposição de cada um de nós, mais poderemos nos desenvolver, evoluir e colaborar com quem está em nosso entorno.

Não estou aqui advogando que sem Educação formal é impossível resolver problemas ou ter uma vida feliz. É perfeitamente possível. Porém, lastimo quando percebo que uma pessoa deixa de realizar suas potencialidades por falta dos instrumentos necessários. Isso pode fazer com que a vida dela seja “nivelada por baixo” – o que é sempre muito triste.

Para não falar só de problemas, vejamos outro exemplo do que acabei de dizer. Ir a Paris e admirar a arquitetura da cidade é um prazer. Enche os olhos e o coração. Mas olhar para os mesmos cenários sabendo o papel do Barão Haussmann e por que (e como) tudo aquilo foi planejado nos ajuda a ver melhor os detalhes, admirar sua execução e enxergar ainda mais beleza no conjunto.

Você deseja explorar verdadeiramente seu potencial? Então invista em você. Busque saber mais. O que você precisa aprender? O que você deseja aprender? Qual o seu jeito de aprender? Qual o melhor meio para contemplar esse jeito? Quem pode ajudar nessa empreitada? O que você deseja alcançar? Como você medirá o seu sucesso? Asseguro que todas essas respostas passam pela Educação.

Por fim desejo que você, cara leitora, caro leitor, equipe sua caixa de ferramentas com itens que lhe sejam úteis e preciosos; e que com eles construa as mais sólidas, belas e admiráveis obras – dentro e fora de você!

PARA SABER MAIS

Rubem Alves
https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u877.shtml

Abraham Maslow
www.pensador.com/autor/abraham_maslow/biografia/

Barão Haussmann
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160203_vert_cul_criador_paris_lab

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Tem formação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e experiência de mais de 30 anos em Educação, cerca de 20 deles como executivo na área. Atua também na liderança de associações profissionais. É autor, palestrante, consultor, conselheiro de administração e professor. Vê a Educação como o caminho mais democrático e eficaz para que pessoas e sociedades atinjam seu melhor potencial.